domingo, 8 de novembro de 2009

Ainda dói um tanto
Tanto que nem sei
Que nem sei o quanto
O quanto de mim deixei
O que ficou de ti
O que sobrou de mim

Já agora me importa pouco
O que ficou pra trás
O que não fiz nem quis
O que de ti levei

Só me falta o som
A melodia secreta
As palavras escritas
As poucas palavras ditas
Os sussurros anônimos

Seu Vigário

Vigário era malandro. A mãe o chamou assim porque achava o nome bonito. Dona Raimunda ia às missas todos os domingos e por anos viu as pessoas chamarem o Padre de Vigário. Achou, então, que seu menino poderia dar pra alguma coisa na vida tendo o mesmo nome de alguém tão santo quanto o Padre; que de santo tinha pouco: revertia para seus bolsos uma parte do arrecado do dia. “É para provisões futuras”, dizia aos coroinhas.
Parece que agregado ao nome vieram as características do santo religioso. Vigário aprendera desde cedo a ser precavido e, sendo coroinha, rezava pela Bíblia do Padre, porém mais arrojado e destemido. Pedia sem nenhum pudor às carolas uma ínfima contribuição para os estudos daquele tão empenhado coroinha. Qual estudo que nada! Vigário mal conhecia escola.
Dona Raimunda levava-lhe todos os dias pelo braço à escolinha, mas desde miúdo aprendera a driblar sua mãe. Sabia pular muro, bater nos coleguinhas e até falsificar assinaturas (na verdade, havia terceirizado esta prática); mas, melhor do que um Dom Juan sabia conquistar as professoras. Dizia-se nervoso, atacado dos nervos porque nascera de sete meses e o pai os havia deixado quando ele ainda contava apenas dois anos. As professoras encharcavam os olhos de lágrimas e perdoavam-lhe as faltas.
Ao fim de cinco longos anos de estudos, conseguira aprender a riscar a assinatura; era um misto de desenho rupestre com traçados orientais.
Cresceu assim o Vigário, na vagabundagem, no ócio, para o desespero de dona Raimunda que desejara tanto aquele rebento. Fizera até promessa. Era quase uma Isabel. Vigário nascera no auge de seus quarenta e dois anos. Foi preciso muita reza e um namorado interesseiro para cumprir-se o desejo.
De dona Raimunda pouco tinha o moleque. Herdara do pai a traquinagem, a esperteza, a dissimulação.

...continua...

domingo, 4 de outubro de 2009

Em verdes mares
Sereno campo
Por entre as luzes
Além do Sol
Calma planteio
Os sonhos tristes
Semeio-as ao léu
Em qualquer ponto
Lanço-os prontos
Lanço-os filhos
Crescem e são
Eternos cantos
Unicamente
Em um só eu
De mais ninguém

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Um amor

Um amor é uma descoberta, é um encontro. Cada amor é uma nova magia, é um pouco de nós que se faz no outro.

b l o g

Nunca pensei em algo tão egocêntrico. Desculpem-me os blogueiros. Não é ofensa mostrar-se como é. É ousado. Para mim, talvez, no auge no drama ache ser egocêntrico. Enfim, fiz esse blog depois das investidas enormes que a net e os amigos nos impõem.
Então, viva. Eu tenho um blog.

Acabei de ler o blog de um amigo e percebi que isso tudo - o blog - é, definitivamente, a solidão. Juntei-me ao rol dos links, dos não-acessados, e mesmo assim me sinto Machado de Assis (Filho et al., 2009)... hehehe...